Às vezes, um homem completamente telúrico, ágil, ligado aos animais e aos seus ritmos, forte, cheio de uma ancestralidade romana de vida da terra, com a terra e pela terra, só se encontrando a si mesmo de verdade na verdade da sua Roça, da sua Villa, pode ser precisamente o teu sogro. Sob um noctilino céu tão sonho, de lucilantes estrelas, de negrejantes nebulosas e seus halos luzentes, embrenhámo-nos uma destas noites, toda uma longa noite, na caatinga, território imenso, propriedade sua. Botas, roupa militar, eis-nos na mata cerrada, sentidos alerta. Primeiro, breve travessia de canoa. Os nossos dois cães, um com chocalho, correndo, só perante caça lantindo ou ladrando. E nós, no seu aleatório encalço, correndo, subindo e descendo ladeiras, abrindo por mato fechado, o duro e incerto caminho de espinhos, de galhos em teia, em rede, da rasteira macambira cortante.
Canino alarme! Corremos a toda a brida! Logo um tamanduá se vê dos cães cercado. É a primeira presa. Morto, é deixado para recolher mais tarde e seguimos porque o forte desta caça é o tatu ou, com muita sorte, o caititu. E este céu tão mágico, tão pleno! Noite. Silêncio. É preciso submergir em esta noite e em este silêncio e seguir de ambos impregnado. A cada célere passo, dois gritos expertos do caçador à frente, como um guia. Lanternas acesas na corrida. Correr. Estacar, lanternas apagadas. Escutar. Lá longe, o raro latido ou o chocalho sumido do nosso cão incita-nos à correria mais sôfrega e serena. Completo silêncio. Sentar. Fumar. Correr. Parar. Escutar. Fumar. Conversar.
Mas que céu sobredivino! Pelo ouvido, chegamos desenfreados aos caninos: acuados, acuaram um tatu. Escava-se no trilho das suas luras sinuosas. Primeiro tatu, dobrado trabalho. É crianço, por isso, devolvido. E será assim, neste ritmado suor, até que o demorado sol nasça. E os estremecimentos de um tatu vivo, amarrado, insistindo em viver, suspenso dos meus dedos...E o odor às suas urinas nos meus dedos, os seus olhos de inerme e misericoridiosa animalidade orelhuda, e a sua couraça incouraçante, e os pêlos do seu peito, e o debater inconformado da sua cauda no meu braço, e aquela gambá fedorenta que caçámos na clareira do cimo de um morro, com um odor afinal tão natural e intenso como o da própria mata perfumada que desbravávamos. E um céu de que nunca pude tirar os olhos e me lembrou o fundo cumprimento do que, em aventura acamaradada e suor, vida inteira, e poalha, eu tanto desejara e me lembrou a dimensão espiritual integrada de tudo.
Canino alarme! Corremos a toda a brida! Logo um tamanduá se vê dos cães cercado. É a primeira presa. Morto, é deixado para recolher mais tarde e seguimos porque o forte desta caça é o tatu ou, com muita sorte, o caititu. E este céu tão mágico, tão pleno! Noite. Silêncio. É preciso submergir em esta noite e em este silêncio e seguir de ambos impregnado. A cada célere passo, dois gritos expertos do caçador à frente, como um guia. Lanternas acesas na corrida. Correr. Estacar, lanternas apagadas. Escutar. Lá longe, o raro latido ou o chocalho sumido do nosso cão incita-nos à correria mais sôfrega e serena. Completo silêncio. Sentar. Fumar. Correr. Parar. Escutar. Fumar. Conversar.
Mas que céu sobredivino! Pelo ouvido, chegamos desenfreados aos caninos: acuados, acuaram um tatu. Escava-se no trilho das suas luras sinuosas. Primeiro tatu, dobrado trabalho. É crianço, por isso, devolvido. E será assim, neste ritmado suor, até que o demorado sol nasça. E os estremecimentos de um tatu vivo, amarrado, insistindo em viver, suspenso dos meus dedos...E o odor às suas urinas nos meus dedos, os seus olhos de inerme e misericoridiosa animalidade orelhuda, e a sua couraça incouraçante, e os pêlos do seu peito, e o debater inconformado da sua cauda no meu braço, e aquela gambá fedorenta que caçámos na clareira do cimo de um morro, com um odor afinal tão natural e intenso como o da própria mata perfumada que desbravávamos. E um céu de que nunca pude tirar os olhos e me lembrou o fundo cumprimento do que, em aventura acamaradada e suor, vida inteira, e poalha, eu tanto desejara e me lembrou a dimensão espiritual integrada de tudo.
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